sexta-feira, 1 de março de 2013

Amores





Esses dias me disseram "Só deveríamos dizer 'eu te amei', no passado, pois só na distância e no tempo é que saberemos se amamos de verdade... Só olhando pra trás é que podemos reconhecer 'Olha só, amei realmente" (me corrija Paulo, se eu tiver entendido algo diferente do que você disse)...
Isso me lembrou o quanto essa frase pode significar...( e me fez pensar travessamente 'bicccccho, se esse homem um dia disser que me ama, vou me sentir passada'... kkk). Mas me remeteu também a algumas contradições... Ou ambiguidades... Ou talvez sínteses...

Meu amigo Rodrigo, a quem eu amei quase instantaneamente, diz que nós (eu e ele), temos o amor já soltinho dentro do coração... Que não precisamos de muitos preâmbulos para reconhecê-lo e vivê-lo. Cá pra nós, acho essa maneira bemmm mais bonitinha de pensar... Mas isso invalida todos os outros conceitos de viver o amor?

Fabrício Carpinejar (textículo no masculino de Fabrício Carpinejar, feminilizado por Zahir) descreve desse jeito "...porque amor é justamente isso, garota: é ficar insegura, é ter aquele medo de perder a pessoa todo dia. É ter medo de se perder todo dia. É você se ver mergulhada, enredada, em algo que você não tem mais controle."
 
Amor é sair do controle? Isso não seria paixão? Tá, mas quando você ama, você controla? Se não controla, então pode ser amor sim...

... e não é assim que era pra ser mesmo? Amor é fermento de crescimento pra alma. Nos desconstrói diariamente, e somos forçados a nos reconstruir : mais flexíveis, ou mais fortes, ou mais enamorados, ou mais sedutores, ou mais desencanados... Na real o que a mais não importa muito, mas é sempre "mais"... Então aqui amor é "mais".
 
Então tá... Amor só se reconhece no passado, se vive instantaneamente, nos descontrola e nos leva pro 'mais'?... Hummm... até que gostei!
 
Se bem que, pensando bem, acho que eu ando é falando muito sobre amor e vivendo pouco... Vou mais é ficar com a definição (não de amor) de Zahir:
 
"... parecia-lhe (a Sam <- essa sou eu) que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações..."
 
Sensações, emoções, amorções... rs
 
 
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11 comentários:

  1. Que o amor (ou paixão, ainda não diferenciei o conceito, aliás admiro quem o tenha feito) quando chega balança as estruturas rompendo tudo que achávamos estáveis, não tenho dúvidas! Mas o meu conceito de amor ou paixão - olhando pro passado - se baseia no desfecho: houve compreensão, diálogo, respeito pelo tempo vivido, pela comunhão? Se não, há uma grande chance de ter sido apenas entusiasmo, muito confundido com amor e paixão.

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    1. Então vc concorda com quem me disse que o amor só poderia ser reconhecido retroativamente... e com Roberto Freire, que diz que "Do amor só se pode fazer a necrópsia jamais a biópsia"...

      Mas a questão pra mim é justamente... amor, paixão, entusiasmo... importa mesmo definir?

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  2. A definição fica justamente no que restou; na sensação que deixou: se o sentimento ainda reside num suspiro, numa brisa... Se nossa alma acorda gritando de madrugada cada vez que sonhamos com aquela pessoa deixando a terrível e saudosista sensação de que era ela com que gostaríamos de passar o resto de nossa vida, pode ser amor! Não acredito que o entusiasmo ou a paixão tenham esse poder.

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    1. Pode ser amor mesmo qdo não deixa a sensação de que gostaríamos de passar o resto da vida com a pessoa... Não acredito em um único amor na vida... Pra mim a vida é feita de uma colcha de retalhos de amores... Cada amor faz a gente crescer um pouco... E, se crecemos para a mesma direção, continuamos com a mesma pessoa... se crescemos para direções diferentes, então, mesmo que ainda haja amor, segue-se nesse caminho que acaba afastando... Não quer dizer que não foi amor, quer simplesmente dizer que já aprendemos o que tínhamos que aprender com aquele pessoa...

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  3. Hoje mesmo estava conversando com senhor que está há 36 anos casado. Dizia que na época dele se casavam por honra, o amor vinha depois, se não vinha, se apegavam mediante o companheirismo. Até porque uma separação naquele tempo significava desonra e a mulher tinha um peso infinitamente maior.

    Hoje usamos (inclusive aprisionamos) a energia do amor em diferentes relacionamentos. Não sei qual atitude é menos destruidora!

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  4. Pra mim amor é um sentimento grande demais pra ser canalizado para um só ser, em toda a vida... Não que eu queira relacionamentos superficiais, ou promíscuos, muito pelo contrário... Mas quero reações de união, e não de fusão... O peso que canalizar toda nossa expectativa de amor, afeto, carinho em um só ser, é simplesmente grande demais...
    Pode dizer que sou carente, se vc quiser... Mas o tanto de amor que eu tenho pra dar,não creio que uma só pessoa consiga receber... E ao mesmo tempo, gosto da liberdade de ser eu mesma... Sendo que o primeiro amor da minha vida não vai receber mais do que o último... Amor é uma coisa que não se gasta... pelo contrário, só aumenta a medida que vamos agregando mais elementos ao nosso universo individual... Talvez, para que eu consiga um amor mais duradouro, eu procure uma pessoa que seja capaz e disposto a crescer no amor comigo...


    Você gostaria de ter tido (ou ainda ter, caso olhe para o passado e não veja nenhum amor nele) um só amor na vida? 'O' amor?

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  5. Olho para trás e não vi alguém disposto a crescer junto no amor. Alguém com mente e coração abertos a fim de dividir sonhos, mistérios, alegrias e frustrações. Alguém para atravessar as estações do ano. Rir com a idade avançada e do corpo despedaçando... (Essa última frase me recordo do filme Amor Além Da Vida, dita por Robin Williams.)

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  6. Não estou à procura, pois expectativas geram frustrações. Deixo que as coisas aconteçam naturalmente, apesar de acreditar que, quando partimos em busca do amor, ele também parte ao nosso encontro. E nos salva...

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