Foi assim:
Ele ainda estava envolvido emocionalmente com uma outra pessoa. Me disse isso. Aliás, a frase foi claríssima: "hoje em dia eu sou um cara mais racional nas minhas decisões, e sei que lá a coisa não vai mudar, mas ela ainda mexe muito comigo".
Ok, por mim tudo bem, eu também só estava curtindo a companhia... Afinal ele era um cara legal, eu uma mulher legal e por que não nos conhecermos melhor pra ver o que dava, certo?
Erradooooo!!!
Ele foi querendo me ver continuamente. Nos falávamos todos os dias, dia sim dia não, nos víamos. Convidei pra almoçar comigo num sábado e ele foi ficando .... a ponto de eu ter que pedir educadamente "então amado, amanhã tenho que acordar cedão, tu te importa de dormir na tua casa hoje?"
... Muito mais intenso na vontade de estar comigo do que eu na vontade de estar com ele. Interpretei isso errado. Me confundi e relaxei... Hoje entendo que era a carência dele falando. Ele não queria a MINHA cia, só queria cia. Na época, o meu coração estava aberto, desimpedido, solto e feliz, eu estava muito bem comigo mesma, nem reparei tanto.
Mentira. Reparava sim. Reparava que ele não estava inteiro ali, que cada vez que o celular tocava ele ia correndo responder, Reparava que quando ele ia dormir, sempre virava de costas pra mim. Que falava em excesso nessa ex, e repetiu tanto essa história, por tantas vezes, que gravei de cor. E sempre tinha uma história de alguma outra ex pra contar junto... Cheguei a me perguntar algumas vezes se ele estava precisando de auto afirmação...
Mas.... como eu estava muito bem, inaugurando uma outra fase da minha vida, trabalhando entrega e abertura, reparei mas não liguei.
E justamente por estar aberta, trabalhando entrega, com essa proximidade toda, me envolvi.
Diz ele que também estava se envolvendo, mas não acredito. Acho que é uma mentira que ele conta pra ele mesmo.... Ele é um leonino autocentrado não muito bom em cumprir promessas, mas se ele estivesse se envolvendo teria sentido um rompimento, e não sentiu. Enfim.... isso é lá com ele....
Quando ele percebeu que eu estava envolvida, que a história estava ficando importante para mim, ele entrou no comportamento automático dele. Imediatamente. E eu reagi entrando no meu. Imediatamente.
Tipo, no ultimo dia que ficamos juntos, estávamos na minha casa e eu cozinhei. Uma hora tirei o vestido (porque estava calor) e ele demorou uns 10 minutos para tirar o olhar do celular e perceber que eu estava só de lingerie... Coisas assim, que falavam de estar só de corpo presente, e a cabeça e o coração em outro lugar qualquer. Eu reagi mandando ele embora no meio da noite e entrando em uma espiral de rejeição.
Muito feios os comportamentos de ambos, como são todos os comportamentos automáticos... comportamentos que falam de ego, de medo, de mental sem freio....
E, pra minha alma imortal, isso foi ótimo! Reagindo às ações que ele teve, mergulhei em um processo de autoconhecimento e limpeza de crenças limitantes minhas, que eu não teria enxergado sozinha. Relacionamentos são para nos fazer crescer, não é? Pelo menos é nisso que acredito...
Anotei alguns pontos na minha lista que preciso aprender.... dei "ok" em outros que vi que já aprendi... e saí dessa história maior do que entrei. Ainda estou ancorando.
Então hoje, se olho pra ele a partir da minha alma, sinto um carinho absurrrrdo. E gratidão por ter aberto suficiente para eu ter conseguido enxergar tudo isso. Eram coisas que eu precisava transformar para de fato viver entrega, leveza e abertura. E eu quero viver isso. Gratidão.
Se eu olho a partir do meu coração de mulher, sinto vontade de correr para longe. Ainda estou curando de todas as emoções complicadas que ele trouxe. Ferida e magoada. Ainda meio fechada para balanço. E cada vez que alguma dessas emoções doloridas aparecem, preciso respirar e dissolver. CurANDO. NO gerúndio.
Sinto vontade de sair correndo, mas permaneço. Porque uma das coisas que preciso aprender é FICAR. E estou aprendendo. Também no gerúndio. :)
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Foto by Lullie Rosa, na vivência "Eu existo"
