terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Mais uma vez...

...as palavras me faltam... pego-as emprestadas...



"Por mais que tente, não me desembrulho.
Há qualquer cousa de confuso em mim.
Lá pela confusão não fazer barulho,
Não quer dizer que não lhe seja afim (...)"
(Fernando Pessoa)



Parece às vezes que desperto
E me pergunto o que vivi;
Fui claro, fui real, é certo,
Mas como é que cheguei aqui?

A bebedeira às vezes dá
Uma assombrosa lucidez
Em que como outro a gente está.
Estive ébrio sem beber talvez (...)"
(Fernando Pessoa)


"Em meus momentos escuros
Em que em mim não há ninguém,
E tudo é névoas e muros
Quando a vida dá ou tem, (...)

Revivo, existo, conheço;
E,inda que seja ilusão
O exterior em que me esqueço,
Nada mais quero nem peço:
Entrego-lhe o coração."
(Fernando Pessoa)





quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Delírios de um amor romântico



É uma necessidade , talvez, de justificar.
Talvez, seja só um motivo que me permita beber mais uma cerveja... Quem sabe? Você poderá me dizer? Eu poderei dizer?
Mas é preciso dizer algo. Exatamente aquilo que falta, aquilo que é essencial. Aquilo que presume tudo, que perdoa tudo, que aplaca tudo. Aquilo que por fim, me faria dormir o sono dos justos.

Algo aconteceu. Algo quebrou o correr tranquilo e imutável dos anos. O passado existiu porque todos os dias que antecederam o presente existiram, e foram da mesma forma, e assim, o presente imutável garante o futuro.
Mas e se algo que não tem equivalente no passado ocorre? Então, a certeza de um futuro está comprometida! "Algo".

Mas onde está?
Onde encontrá-lo?
E se encontrado, como identificá-lo?
Se gasoso, seria o teu cheiro?
Se líquido, tua saliva ou teu suor?
Se sólido, tua carne?

Viver uma nova experiência é perder certezas. Acabou o futuro, só espero por esses lampejos diários de amor que tanto me tocam, que afinal são tudo o que desejo.Mas preciso encontrar!

E se nada fosse?
Ou se tudo fosse?
Se tudo já estivesse colocado, descoberto?
Se nada mais houvesse além disso, que já é tão belo e tão perfeito?

Então, toda a minha procura seria vã, toda minha angústia seria fútil, toda minha dor seria eterna, porque tudo já estaria colocado... bastava que eu o tivesse percebido.




Adaptação (bem) livre de um texto escrito em 1997 por Kahio Tibério Mazon.

Ciúme

Amanheceu nublado. Um daqueles dias que não parecem dias, e sim eternos entardeceres. Agora chove, não aquela chuva de limpeza, que dá aquele cheiro bom de terra molhada, mas a chuva que parece que vai durar eternamente...


foto by Leonardo Recski

Ando precisando de ajuda pra entender um pouco mais essa emoção chamada ciúme. Lembro da primeira vez que o senti, no contexto homem/mulher. Eu devia ter uns 15 anos, e naquele tempo eu namorava uma semana, enjoava da figura irremediavelmente e terminava em duas (hoje eu dia, eu voltei a cair na adolescência, meus "relacionamentos sérios" tem durado dois meses em média... rs). Encontrei um garoto que eu havia namorado as tais duas semanas na noite, com uma mulher mais velha dando em cima dele. Lembro que senti ciumes, achei ruim demais e neguei até a morrrte que havia sentido qualquer outra coisa além de indiferença.
Creio que continuei negando minha vida afora, e hoje em dia é uma coisa que não entra na minha pesagem, que eu não levo em consideração. Não tenho vivência disso.
Ciume vem da insegurança, é isso? Necessariamente isso? Que essa emoção nubla a limpidez do pensamento, acho que é obvio... Ciume gera monstrinhos, onde tudo fica muito pessoal... as ações e palavras da outra pessoa são sempre com uma conotação pessoalíssima, não se consegue compreender as coisas dentro de um contexto...
Que mais?
Mesmo quando o ciúme não é exagerado, ele gera um PENSENE (soma de pensamento, sentimento e energia), que afeta a auto-estima da pessoa?
A pessoa ciumenta realmente não se dá conta que as suas ações são exageradas?
Alguém aí já conseguiu superar realmente seus ciumes investindo em auto-estima?
Tem algum jeito de se lidar com um ciumento/a que gere uma relação saudável?

Me respondam os que se consideram ciumentos, por favor, realmente preciso de ajuda pra entender esse contexto.

AH! E andei lendo algumas coisas por aí... Achei esse site que gostei bastante... Esse link fala sobre auto-estima... http://www.olgatessari.com/id32.htm


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

De Clarisse

"DEPOIS DE UMA TARDE DE QUEM SOU EU
DEPOIS DE MATAR-ME NUM QUEM SOU EU
E DE ACORDAR UMA HORA DA TARDE EM DESESPERO, EIS QUE, AS TRÊS HORAS DA MADRUGADA ACORDEI E ME ENCONTREI. SIMPLESMENTE ISSO, ME ENCONTREI; CALMA, ALEGRE, PLENITUDE SEM FULMINAÇÃO. SIMPLESMENTE ISSO. EU SOU EU. VOCÊ É VOCÊ. É LINDO, É VASTO E VAI DURAR.
EU SEI MAIS OU MENOS O QUE VOU FAZER EM SEGUIDA, MAS POR ENQUANTO, OLHA PRA MIM E ME AMA.
NÃO, TU OLHAS PRA TI E TE AMA, É O ESTAR CERTO.

(Clarisse Lispector)


foto by Gabi Stoffel

Tem horas que a capacidade de comunicar falha... o coração se aloja na traquéia, a insatisfação nubla o pensamento, ou entro em um daqueles toma lá dá cá, tão imaturos...
Nesses momentos é válido tomar emprestadas palavras alheias que traduzem o que sou momentaneamente inapta em dizer...

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Desejo






Meus olhos
advogam meu corpo
revêem sombras
do filme que já acabou.
Faróis apagados
navios encalhados
em castelos de areia
Meu corpo
afoga minha alma
no caminho tão conhecido
pela tua mão.
Minha alma
esconde-se
refugiada em algum canto
escuro de minha boca.
Calo.
E deixo-me morrer.




Reflexão: De vez em quando , tenho aquele "momentum" de desistência. Aquela fração de tempo em que tudo parece difícil demais, em que eu me sinto cansada demais, e em que tudo demora demais. Aquela fração que no fim se transforma só em pausa pra tomar fôlego e continuar na estrada que escolhi.

domingo, 22 de janeiro de 2012

SENDO

Esquisito
ser finito
dentro
do infinito.
Ser totalmente
pra dentro
da mente
que nos mente,
imaginando
natural
serem partes de gritos
verdadeiros gritos infinitos.
Vital
é perceber
se estamos internos
do esquisito finito,
gritando secretamente
com voz partida
da mente doente.
Importa
é que é torta
a porta de saída.
E realmente não se faz essencial
se o infinito
é no entanto
finito pela porta
que, ao final
-não esqueçam
é torta,
e portanto
só tortura
tartarugas velhas
de rugas lentas
que têm perdido
o desejo
de se encontrar
no infinito.
O infinito.
Que não se pode tocar
não se pode achar
nem imaginar
e só sonhar.
Com o risco de
SER
totalmente e
infinitamente.


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O poder da persistência... cotidiano

Eu ví!!!
Ví um gato velho ficar mal humorado com a chegada do novo...
Ví o tanto que ele esturrou e reclamou!
Ví a bola de pelos amarelinha chegar devagarinho... A alegria típica de um filhote, com a estabanação e o riso embutidos. Ví ganhar terreno. Não desistir mesmo quando levava patada. Lá foi o filhote, firme no propósito de conquistar seu lugar,  mas sem dar nem muita bola, nem auto-importância... Só sendo ele mesmo. Ví o gatinho amarelinho brincar com o rabo do gatão malhado, e até dar dentada... E quando levou bronca, ví o olhar que ele devolveu... e vou contar : era um olhar bem humorado!!




E, ontem, eu ví os dois compartilhando o mesmo prato de comida... Sem reclamações, nem brigas... Levou 20 dias pra alegria confiante conquistar a irritação desconfiada... Que baita lição!!

sábado, 7 de janeiro de 2012

Limites

Parando para refletir sobre relacionamentos mais uma vez, me deparo com um tema recorrente tanto na minha vida, quanto pra mulherada ao meu redor: mulheres que se perdem de si mesmas ao se relacionar. (e olha que é um bando mesmo... eita cidade pra ter mulher como Floripa!!)
Claro, espelhos que somos, amizades próximas são mesmo nosso reflexo, então não é grande surpresa que os mesmos conflitos surjam no grupo todo. O que não diminui a importância do assunto, muito pelo contrário, o enfatiza ao mesmo tempo que nos dá mais ferramentas para compreensão, resolução e reciclagem das nossas atitudes.

foto by Gabriela Stoffel


ok, vamos lá prestar atenção nisso então...

Quando me dispo da vergonha da minha constante imperfeição (o que já é uma "pista"...), e me olho com (um pouco) mais de lucidez, encontro um núcleo quase inacreditável no começo desse comportamento:
Às vezes eu realmente não sei do que gosto/não gosto, o que é confortável/desconfortável, o que quero/não quero.

Acredito que funcione assim... Como eu não tenho clareza sobre o quero, passo a querer outra pessoa. O outro. Aquele por quem eu me encanto de alguma forma... E porque eu quero tanto "você", tento me transformar no que te agrada. Ou tudo o que "você" quer pra sua vida, começa a me parecer especial. Passo então a me desdobrar, pensando no que posso fazer para ajudá-lo, o que você estava sentindo quando agiu de determinada forma, o que você quer. Coloco toda minha atenção longe de mim. Passo a priorizar não mais a minha pessoa na minha própria vida, mas o outro...

Mas, o que torna isso tudo tão difícil de modificar é que acontece quase sem que eu perceba... Parece que é um comportamento que vem no chip. Quando eu me dou conta, já estou inteira lambuzada de rancor e irritação, abandonada de mim e com vontade (mais uma vez tranferência) de abandonar é a pessoa que em princípio me encantou, e a situação ampla toda... fugiiiir, correr léguas e só parar quando esquecer!
Mas... como me abandonei, como ao invés de me transformar no que agrada, me transformei num ser meio amorfo, sem vida própria,  estou refém... Refém da aprovação alheia, do reconhecimento do outro para voltar a ter valor. E, posto que refém, meus limites estão, nessas alturas (que em termos de tempo linear pode acontecer absurdamente rápido!) completamente ausentes. Estou dissolvida na relação...
Perceberam que essa é uma cena de um personagem só? Lógico, estou contracenando o tempo todo com outras pessoas, mas a responsável pela situação que me coloquei sou só eu mesma...

Uma pessoa estabelece limites para preservar a dignidade, integridade e bem-estar próprios. Sem esses limites, toda sorte de desrespeitos próprios estão sujeitos a acontecer... a pricípio sutilmente, e com o passar do tempo/situações, cada vez mais visíveis, doloridos e explícitos, disfarçados em desrespeitos do outro por você...
Abrir mão do que somos, por qualquer motivo, mesmo que esse motivo seja amor (esse amor romântico mesmo... tema pra outro texto....), é uma completa burrice. Nenhuma relação sobrevive saudável à isso...

Invista em  auto-conhecimento, saiba o que quer/gosta/deixa confortável. Saiba o que REALMENTE traz alegria íntima a você. Quando você começar a perguntar demais porque o outro teve algum comportamento, páre tudo, e se pergunte porque VOCÊ está se comportando assim. Se vai gastar fosfato procurando alguma solução pra vida de alguém, que seja pra sua!! Não que o outro não importe... Mas as modificações só acontecem a partir do nosso próprio centro... e a partir daí, reverberam pelo resto do nosso cotidiano.

Colocar limites entre você e o outro, não afasta. Permite que estabeleçamos relações de verdade, que suportam críticas construtivas, já que a partir do momento que não existe dependência, a crítica passa a não ser mais ameaça.... ou pelo menos ameaça vital...

Estou aprendendo a me priorizar...

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Trem da vida




foto by Lazaro Garbelotto Junior


Quer saber?
Me recuso a me decepcionar
Nem com a vida, nem com as pessoas.
E daí que nesse momento
tenho esse bolo imenso na garganta?
Isso passa
Uma hora isso passa!!
E daí que dou chilique e quebro alguns copos?
Prefiro ter raiva a ter conformidade
Prefiro quem me dá realidade
a quem me dá ilusão
e prefiro quem me dá dor
a quem me dá sono.
(e mais ainda quem me faz rir).
E daí que aperto o "foda-se" de quando em quando?
Isso não vai me fazer perder a doçura
Nem ser menos.
E daí?
Já tive um fusca
Saio pelos botecos com os amigos
Trabalho em horários insensatos
rio muito
brigo muito
penso muito
choro pouco.
E sou mais ser mesmo assim!

(esse trem é retroativo... escreví em 2009... e NÃO, nesse momento não ando quebrando alguns copos, apesar de estar meio surpresa e com um certo bolo na garganta....)

.

Teias

Foto by Gabriela Stoffel



Lágrimas são vermelhas
Na escuridão opaca do reflexo.
A imagem, única pessoa presente
em vinho tinto
contra a luz, cintila.
Vidro transformado em espelho,
como fardo de sentimentos
pelas lembranças que sei velhas.
Só o som do baixo me guia
da parede onde ficou encostado,
quieto nas suas teias de aranha.
Vou atracar em um porto
com a saída marcada
no oposto do que sou.
Um grande mergulho,
atravessar as próprias mágoas
tão repetidas em seus ecos.
Está seco o meu rosto... também o meu corpo:
Homenagens à memórias passadas
a amigos afogados
Bêbados em vermelho vinho, sangue meu.

Descoberta

Ser Mulher

Ter dentro de si
choros e planos
risos e enganos.

Ter medo
Vergonha do útero
pavor
desespero latente
razão demente...

Correr?
parar?
fugir?

Entregar-se!
Transformar a maldição
da fragilidade
em benção da humanidade.

Descobrir-se intensa

Ressuscitar-se na fera
Erguer-se, inteira
Ser a busca
Seguir a bússola.

Tirar força da raíz
curar a cicatriz
ser aprendiz.

Finalmente feliz...

foto by Gabriela Stoffel

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Mini-cenas do Cotidiano 3




Primeiro dia do ano, todo mundo meio de ressaca de sono (crianças inclusive)...
Convidei-as pra jogar uma partidinha de poker, afinal com aquela chuvarada lá fora, as opções eram reduzidas e "não basta ser mãe, tem que participar"...
 Ziba (11anos) vira pra Renato (43anos), e larga com a cara deslavada:


 -Vem jogar também, xuxuuuu!!


 ................................................................................

Jogo de poker de presente de Natal..... RS 36,00
Café da manhã.... RS 20,00
Ampliação de fotos do cotidiano....RS 4,50


Ver a cara do seu namorado quado seu filho o chama pelo apelido bobo que você mesma chama, não tem preço!!!

Mini-cenas do cotidiano 2


Último dia do meu filho na escola ... fui buscá-lo, e o encontrei todo pintado, com a camiseta toda rabiscada com as assinaturas dos amigos... Ano que vem ele vai pro sexto ano, mudança obrigatória de turno, então vários coleguinhas não estarão mais em sua sala...


 (Ziba):
 - Aii, tô triste!!


- Posso chorar mãe?


 Então o abracei e enquanto ele desatava num choro bem sentido, comecei a balbuciar aquelas coisas "maternas"... "Pois é filho, que bom que vc tem amigos tão legais que dá tristeza de entrar de férias" e tal e coisa... Então, minha sábia filhota (7 anos no último dezembro) disse, batendo a mãozinha nas costas dele...

- Tudo bem mano, pode desabafar....

Como não amar gente assim???? :)






Mini-cenas do cotidiano....


 
Conversa sobre "carência"no café da manhã com meus filhos, que andam absurdamente grudentos:
 
(eu) - Só quero ver como vai ser quando eu tiver um namorado de verdade, pra valer. Vcs vão ficar mais grudes ainda?

 (Ziba, filhote com 11 anos recém feitos)
 - Não, a gente vai dizer "opa, finalmente mamãe amadureceu"....

 ... toma-lhe... rsrs

Uma parte do que faz parte...




Dizem que toda mulher no dia em que faz 40 anos, acorda em processo existencial, repensando tudo o que fez e ainda resta a fazer na sua vida.
Estou nesse momento tão perplexa que apenas  resta me render a isso. Já estou tão cansada de viver as minhas emoções cambaleantes  e acordar ressentida!! Prestou atenção? Veja bem a palavra: ressentir, re- sentir, sentir novamente!! Repetir-se, não inovar ,não renovar, chatisse, monotonia, fim!
Gostaria de poder parar minhas emoções, ou pelo menos colocá-las gentilmente para dormir num bercinho daqueles de bebê, calmas e novinhas em folha.
Mas a minha realidade são as velhas e gigantescas ondas emocionais que teimam em voltar, reprise de capítulos já vistos, em se perder numa intensidade que rasga os limites,  que me deixa confusa, vazia e espantada.
Por que não consigo me conformar? Já passou da hora de me aquietar. O furacão emocional constante, somado à mania de verbalizar o que se passa nas minhas entranhas já me trouxe tantas perdas...
Tenho consciência de que começou como uma escolha. Escolhi o vento, quando inerte em um casamento estagnado como ferramenta para o movimento, a mudança, a fluidez. Pude sentir a brisa chegando, me deixando impregnada de frescor, trazendo um cheiro bom de dança. Pude perceber o vento tornando-se mais forte, me dando velocidade, adrenalina, vontade. Mas quando foi que esse vento se tornou um furacão sem que eu percebesse? Quando foi que eu permiti que minhas emoções começassem a destruir a minha fé em mim mesma, ou a destruir as emoções das outras pessoas ao invés de alimentá-las?
Do meu poço de dúvidas, observo meus próprios atos e tento assim me certificar do que reconheço de mim. Não confio mais em alguns dos meus mais arraigados valores.
Sempre me julguei  profunda, intimista, comprometida emocionalmente. Mas onde na profundidade cabe o modo como tenho agido?
Paira a sensação da existência de um elo nesses questionamentos todos...
Será que de repente alguém vai jogar pó de pirlimpimpim, vou dizer “forma de uma mulher calma e senhora de si” , e tudo vai se resolver?
... Humor sempre me resta... Reconhecimento número um!
E onde entra a incapacidade de me dedicar às escolhas que eu faço? Será mesmo que tudo se resume ao comezinho da vida, à velha e enrugada vontade de ser amada e aceita? E os enganos e indecisões são devidos a essa ancestral carência que gruda viscosamente na minha pele? Sinto-me tão nua, tão indefesa contra esses monstros construídos de pedaços de mim mesma. Quero ajuda. E pra onde me viro só encontro críticas...
Ok, ok, tentação de entrar na vitimização, reconhecimento número dois!
Se só encontro críticas, é porque não me faço entender... Não peço ajuda claramente, sou confusa a respeito dos meus objetivos... Eles, assim como eu mesma, não me reconhecem...
Pois como podem me reconhecer e me ajudar aqueles a quem eu não me mostro? Criticam partes entrevistas de mim. E como fariam diferente?Nessas gigantescas ondas que me assolam, escolhi muitas vezes fugir de mim mesma. Escolhi não ser direta num assunto, ao invés de encará-lo de frente. Escolhi não prestar atenção no que realmente me fazia bem e o que me fazia mal. Me acomodei ao não comprar brigas justas e até necessárias.
Fugi de mim...
Todas as vezes que deixei pra lá, todas as vezes que me acovardei, todas as vezes que escolhi simplesmente o caminho mais fácil. Todas as vezes que depositei minha necessidade de segurança em outra pessoa além de mim mesma. Todas essas vezes, mostrei rostos diferentes,  eram todos fragmentos, esqueci de mostrar a idéia do todo. Fui divertida quando estava magoada. Fui compreensiva quando estava esgotada. Fui inquieta quando estava ofendida. Fui raivosa quando estava ferida.
Ainda tenho a capacidade de me analisar numa consciência partida/dividida, reconhecimento número três!
Mas onde andavam meus pensamentos mesmo? Ai, fio de pensamento que me escapa...Pensei rápido demais mais uma vez... Respira,respira, relaxa, deixa o pensamento chegar... Algo ligado à segurança... Como era mesmo?...
Achei! A necessidade de segurança nos relacionamentos! A insegurança que me leva a não bancar minhas escolhas, e me fazem boicotar o que sinto. Fazem-me rodear o que quero sem realmente me propor arriscar a aventurada busca da conquista. Opa, esse pensamento promete! Pelo menos quando analiso meus atos, encontro essa ação repetida. Cristo!! E a tonelada de culpa agora?  Culpa por não ter tido coragem. Culpa por ter sido cega e não ter visto isso mais cedo!  Filhotes de culpa na forma d remorsos engatinhando à minha volta. Ok, bom sinal, o pensamento mobilizou emoções, deve ser por aí mesmo o caminho. Respiraaaaa... Pára de pensar, deixa o sentimento te levar!
Escolhas...
Di-fi-cul-da-de de fazer escolhas... Nossa, que coisa mais habituè isso... pensei tanto e acabei no mais comum dos lugares comuns... rejeição/culpa/abandono/escolha...
Conclusão final: sou brega e não tenho cura.... Não quero sentir mais nada hoje!!