segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Uma parte do que faz parte...




Dizem que toda mulher no dia em que faz 40 anos, acorda em processo existencial, repensando tudo o que fez e ainda resta a fazer na sua vida.
Estou nesse momento tão perplexa que apenas  resta me render a isso. Já estou tão cansada de viver as minhas emoções cambaleantes  e acordar ressentida!! Prestou atenção? Veja bem a palavra: ressentir, re- sentir, sentir novamente!! Repetir-se, não inovar ,não renovar, chatisse, monotonia, fim!
Gostaria de poder parar minhas emoções, ou pelo menos colocá-las gentilmente para dormir num bercinho daqueles de bebê, calmas e novinhas em folha.
Mas a minha realidade são as velhas e gigantescas ondas emocionais que teimam em voltar, reprise de capítulos já vistos, em se perder numa intensidade que rasga os limites,  que me deixa confusa, vazia e espantada.
Por que não consigo me conformar? Já passou da hora de me aquietar. O furacão emocional constante, somado à mania de verbalizar o que se passa nas minhas entranhas já me trouxe tantas perdas...
Tenho consciência de que começou como uma escolha. Escolhi o vento, quando inerte em um casamento estagnado como ferramenta para o movimento, a mudança, a fluidez. Pude sentir a brisa chegando, me deixando impregnada de frescor, trazendo um cheiro bom de dança. Pude perceber o vento tornando-se mais forte, me dando velocidade, adrenalina, vontade. Mas quando foi que esse vento se tornou um furacão sem que eu percebesse? Quando foi que eu permiti que minhas emoções começassem a destruir a minha fé em mim mesma, ou a destruir as emoções das outras pessoas ao invés de alimentá-las?
Do meu poço de dúvidas, observo meus próprios atos e tento assim me certificar do que reconheço de mim. Não confio mais em alguns dos meus mais arraigados valores.
Sempre me julguei  profunda, intimista, comprometida emocionalmente. Mas onde na profundidade cabe o modo como tenho agido?
Paira a sensação da existência de um elo nesses questionamentos todos...
Será que de repente alguém vai jogar pó de pirlimpimpim, vou dizer “forma de uma mulher calma e senhora de si” , e tudo vai se resolver?
... Humor sempre me resta... Reconhecimento número um!
E onde entra a incapacidade de me dedicar às escolhas que eu faço? Será mesmo que tudo se resume ao comezinho da vida, à velha e enrugada vontade de ser amada e aceita? E os enganos e indecisões são devidos a essa ancestral carência que gruda viscosamente na minha pele? Sinto-me tão nua, tão indefesa contra esses monstros construídos de pedaços de mim mesma. Quero ajuda. E pra onde me viro só encontro críticas...
Ok, ok, tentação de entrar na vitimização, reconhecimento número dois!
Se só encontro críticas, é porque não me faço entender... Não peço ajuda claramente, sou confusa a respeito dos meus objetivos... Eles, assim como eu mesma, não me reconhecem...
Pois como podem me reconhecer e me ajudar aqueles a quem eu não me mostro? Criticam partes entrevistas de mim. E como fariam diferente?Nessas gigantescas ondas que me assolam, escolhi muitas vezes fugir de mim mesma. Escolhi não ser direta num assunto, ao invés de encará-lo de frente. Escolhi não prestar atenção no que realmente me fazia bem e o que me fazia mal. Me acomodei ao não comprar brigas justas e até necessárias.
Fugi de mim...
Todas as vezes que deixei pra lá, todas as vezes que me acovardei, todas as vezes que escolhi simplesmente o caminho mais fácil. Todas as vezes que depositei minha necessidade de segurança em outra pessoa além de mim mesma. Todas essas vezes, mostrei rostos diferentes,  eram todos fragmentos, esqueci de mostrar a idéia do todo. Fui divertida quando estava magoada. Fui compreensiva quando estava esgotada. Fui inquieta quando estava ofendida. Fui raivosa quando estava ferida.
Ainda tenho a capacidade de me analisar numa consciência partida/dividida, reconhecimento número três!
Mas onde andavam meus pensamentos mesmo? Ai, fio de pensamento que me escapa...Pensei rápido demais mais uma vez... Respira,respira, relaxa, deixa o pensamento chegar... Algo ligado à segurança... Como era mesmo?...
Achei! A necessidade de segurança nos relacionamentos! A insegurança que me leva a não bancar minhas escolhas, e me fazem boicotar o que sinto. Fazem-me rodear o que quero sem realmente me propor arriscar a aventurada busca da conquista. Opa, esse pensamento promete! Pelo menos quando analiso meus atos, encontro essa ação repetida. Cristo!! E a tonelada de culpa agora?  Culpa por não ter tido coragem. Culpa por ter sido cega e não ter visto isso mais cedo!  Filhotes de culpa na forma d remorsos engatinhando à minha volta. Ok, bom sinal, o pensamento mobilizou emoções, deve ser por aí mesmo o caminho. Respiraaaaa... Pára de pensar, deixa o sentimento te levar!
Escolhas...
Di-fi-cul-da-de de fazer escolhas... Nossa, que coisa mais habituè isso... pensei tanto e acabei no mais comum dos lugares comuns... rejeição/culpa/abandono/escolha...
Conclusão final: sou brega e não tenho cura.... Não quero sentir mais nada hoje!!





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