sábado, 7 de janeiro de 2012

Limites

Parando para refletir sobre relacionamentos mais uma vez, me deparo com um tema recorrente tanto na minha vida, quanto pra mulherada ao meu redor: mulheres que se perdem de si mesmas ao se relacionar. (e olha que é um bando mesmo... eita cidade pra ter mulher como Floripa!!)
Claro, espelhos que somos, amizades próximas são mesmo nosso reflexo, então não é grande surpresa que os mesmos conflitos surjam no grupo todo. O que não diminui a importância do assunto, muito pelo contrário, o enfatiza ao mesmo tempo que nos dá mais ferramentas para compreensão, resolução e reciclagem das nossas atitudes.

foto by Gabriela Stoffel


ok, vamos lá prestar atenção nisso então...

Quando me dispo da vergonha da minha constante imperfeição (o que já é uma "pista"...), e me olho com (um pouco) mais de lucidez, encontro um núcleo quase inacreditável no começo desse comportamento:
Às vezes eu realmente não sei do que gosto/não gosto, o que é confortável/desconfortável, o que quero/não quero.

Acredito que funcione assim... Como eu não tenho clareza sobre o quero, passo a querer outra pessoa. O outro. Aquele por quem eu me encanto de alguma forma... E porque eu quero tanto "você", tento me transformar no que te agrada. Ou tudo o que "você" quer pra sua vida, começa a me parecer especial. Passo então a me desdobrar, pensando no que posso fazer para ajudá-lo, o que você estava sentindo quando agiu de determinada forma, o que você quer. Coloco toda minha atenção longe de mim. Passo a priorizar não mais a minha pessoa na minha própria vida, mas o outro...

Mas, o que torna isso tudo tão difícil de modificar é que acontece quase sem que eu perceba... Parece que é um comportamento que vem no chip. Quando eu me dou conta, já estou inteira lambuzada de rancor e irritação, abandonada de mim e com vontade (mais uma vez tranferência) de abandonar é a pessoa que em princípio me encantou, e a situação ampla toda... fugiiiir, correr léguas e só parar quando esquecer!
Mas... como me abandonei, como ao invés de me transformar no que agrada, me transformei num ser meio amorfo, sem vida própria,  estou refém... Refém da aprovação alheia, do reconhecimento do outro para voltar a ter valor. E, posto que refém, meus limites estão, nessas alturas (que em termos de tempo linear pode acontecer absurdamente rápido!) completamente ausentes. Estou dissolvida na relação...
Perceberam que essa é uma cena de um personagem só? Lógico, estou contracenando o tempo todo com outras pessoas, mas a responsável pela situação que me coloquei sou só eu mesma...

Uma pessoa estabelece limites para preservar a dignidade, integridade e bem-estar próprios. Sem esses limites, toda sorte de desrespeitos próprios estão sujeitos a acontecer... a pricípio sutilmente, e com o passar do tempo/situações, cada vez mais visíveis, doloridos e explícitos, disfarçados em desrespeitos do outro por você...
Abrir mão do que somos, por qualquer motivo, mesmo que esse motivo seja amor (esse amor romântico mesmo... tema pra outro texto....), é uma completa burrice. Nenhuma relação sobrevive saudável à isso...

Invista em  auto-conhecimento, saiba o que quer/gosta/deixa confortável. Saiba o que REALMENTE traz alegria íntima a você. Quando você começar a perguntar demais porque o outro teve algum comportamento, páre tudo, e se pergunte porque VOCÊ está se comportando assim. Se vai gastar fosfato procurando alguma solução pra vida de alguém, que seja pra sua!! Não que o outro não importe... Mas as modificações só acontecem a partir do nosso próprio centro... e a partir daí, reverberam pelo resto do nosso cotidiano.

Colocar limites entre você e o outro, não afasta. Permite que estabeleçamos relações de verdade, que suportam críticas construtivas, já que a partir do momento que não existe dependência, a crítica passa a não ser mais ameaça.... ou pelo menos ameaça vital...

Estou aprendendo a me priorizar...

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