segunda-feira, 8 de abril de 2013

Violência







Eu tenho um casal de vizinhos barraqueiros. Barraqueiros dos mais tristes, porque brigam quase todos os dias, e vira e mexe, ele senta o braço nela.
...Essa  madrugada do último sábado foi pior. Ela saiu pela rua gritando por socorro, com ele atrás. Os vizinhos se meteram, alguém puxou uma faca, mais berros foram berrados, a polícia foi chamada. A moça foi parar no pronto socorro, e na manhã seguinte já estava em casa, chamando o agressor de 'amor'.
Quando comentei a história no churrasco que fui no domingo, dizendo que não entendia como ela podia permanecer em uma situação assim, afinal só eu já escutei ela apanhar pra mais de 10 vezes, um deles me questionou. "A gente não sabe de que contexto ela veio... Quem sabe ela veio em uma família onde isso também acontecia. Agora ela apanha uma vez por semana, antes talvez ela apanhasse todo dia. Então pra ela, ele é um príncipe!"
E eu fiquei pensando que ele tinha toda a razão. Acaba tudo sendo uma questão de hábito.

Ela está acostumada a apanhar. E nós? Com qual violência estamos acostumados?
O que acreditamos que temos que brigar pra ter? O que  acreditamos que temos que 'aguentar' pra conseguir o que queremos?

Eu tenho muita dificuldade para exercer com sabedoria essa fronteira... Por achar que todo mundo tem o direito de escolher ser e sentir o que quiser, algumas vezes acabo me colocando em situações muito pesadas pra mim sem nem perceber. E lógico, que uma hora uma gota transborda e vomito toda a agressão que tive que 'engolir', e que (por hábito?) nem sabia que estava lá.
Não sei direito quais são as brigas justas...

Realmente é hora de questionar hábitos... e descobrir.

Afinal dessa vez, a vizinha pediu socorro e alguém a socorreu. Mas na próxima ninguém sabe o que vai acontecer.


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