quarta-feira, 3 de abril de 2013

Leveza....



foto by Claudia Tommasi


Ele me diz que sou pluma. Pluma querendo chegar no fundo do poço.
E se diz âncora com asas querendo voar.
Eu admito que essa imagem me agrada... Mas respondo que se tem algum fundo a que quero chegar, é no do posso.
E mais ainda, que já habito meu abismo marítimo, e que é legal aqui... Que no fundo profundo é escuro, e que a maneira de sobreviver é criar luz própria...
Ele me responde que é preciso luz própria tanto no fundo abissal do mar, quanto no meio rarefeito do universo, mas que a ideia do abismo marítimo é boa, porque dá um contexto onde uma âncora com asas e uma pluma querendo chegar no fundo, podem se encontrar.

E que um dia talvez ele ainda me conte essa história...


(by Samanta Hilbert)

2 comentários:

  1. A âncora e a pluma

    Âncora jogada no fundo do poço,
    No lugar aonde a maioria ir não se atreve.
    Perdida no fundo do mar,
    Aonde sequer os atrevidos sonham sonhar.

    Sonha com asas,
    Um colo quentinho,
    Sonha com luz.

    Luta contra a ferrugem,
    o cascalho, as areias.
    Luta contra a lei de Newton, enfim!

    Luta para não ser enterrada e esquecida
    Onde os comuns não se atrevem viver,
    À espera de uma luz no fim do poço.

    E da escuridão, faz-se uma cena:
    Lutando a favor da gravidade que a contém
    Uma pluma se esforça
    em cada vez mais ir ao fundo.

    Entre o poço e o posso,
    Enganada por uma questão semântica,
    E eu aqui, no dilema inverso…

    Admiro as asas que ela não tem,
    mas que me inspiram.
    Na leveza que aparenta
    E que é sua antípoda,
    Na luz que diz prescindir,
    Mas que diz que me empresta.

    De seus sonhos pouco sei,
    Apesar de ela achar que todos conheço.
    Pouco também sabe dos meus
    Apesar de sabê-los todos

    Pouco sei de sua vida,
    Apesar da vida tudo saber.
    A vida é só isso?
    E é só isso o que tenho a concluir.

    Mas basta arranhar um pouco...
    A ferrugem, os detritos,
    E do fundo desse poço
    Se vê que o que falta é um sonho

    E do fundo desse sonho profundo
    A confusão semântica
    É conformidade

    Pois não há nada mais com que se conformar
    Senão que à âncora pertence o poço,
    Assim como a seus sonhos pertence o posso.
    E o posso às plumas pertencem,
    Posto que são o próprio sonho.

    Feliz coincidência de um encontro:
    Dois pesos, duas direções
    Que se encontram num determinado ponto
    Dessa estrada oceânica

    Âncora no fundo do poço,
    Sonhando com as estrelas,
    Pluma buscado as profundezas
    Nas quais vivo sem esforço

    Sozinhos viemos,
    Sozinhos partimos.
    Nas estradas do inconsciente
    Nos encontramos

    A vida no que se tem ou no que se quer
    Se faz com luz própria.
    No fundo do oceano
    Ou no infinito das estrelas.

    Mas de que serve essa luz
    Se não tiver o que iluminar?
    De que serve o amor
    Se não tiver a quem amar?

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    1. E lá vou eu novamente explicar...

      Meu ponto de vista, que entre leve e oceânico, é tão oposto ao seu.




      Querido! A vida que vivemos é ilusória... e construimos nossa própria ilusão.

      O que nos dá o incrível poder da criação!

      Pluma teimosa que sempre serei, discordo.

      Aliás, minha eterna discordância está implícita no meu movimento contrário ao seu:



      A vida não é só (de sozinha), nem tampouco só (de pouco).

      A luz serventia eternamente tem.

      Ilumina sempre, mesmo que não saibamos a quem.

      E amor é dádiva...

      Serve em primeiro lugar a quem o sente...

      Independente do destinatário.




      E minha vida vivida assim me dá a leveza e a profundidade de poder...


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