quarta-feira, 3 de abril de 2013

Para você....

 (by Alma Celta)
 
 
Falamos demais...
Ultrapassamos barreiras que não podíamos transpôr sem que mudássemos...
Não respeitamos o 'não saber' implícito que amantes sensatos têm o cuidado de manter...
Contamos nossos segredos...
Não preservamos o mistério... E você diz que isso acabou com sua fome.
Te puxei para meu mundo de intimidades vaporosas, condensadas, sufocantes...
Sou mulher de confessionários, meu querido... De trazer a verdade exposta, mesmo que ela tenha cheiro de podre.
Desculpe, pra mim tem que ser assim... Pra valer a pena, tem que ser assim.
E sou assim porque posso reconhecer minha podritudes também... tantas! Tantas que aceito as tuas sem diminuir nada do teu 'ser homem'.
Aceito tuas fraquezas, não porque sou forte e posso suportá-las por ti, mas porque secretamente sou mais frágil ainda e admiro a capacidade de reconstrução sem negá-las que você tem.
Te admiro.
Eu me apaixono pelo que conheço bem. Não pelo que fica escondido atrás do véu enigmático do 'talvez'.
Gosto de investigações. De dissecações.
E isso leva a um novo nível de intimidade, compreendo.
A possibilidade de sermos amigos declarados, revelados e amantes completos é ir por um caminho mais profundo do que qualquer um de nós já foi. Pelo menos do que eu já fui...
Mas essa possibilidade dá trabalho. Porque o desvendar do mistério abre justamente a porta do inexplorado...
Tudo que é completamente novo precisa ser internalizado, e está fora da zona de conforto.
É aprendizado.
 
... E esse é meu mundo...
 
Não o seu.
 
 
( por Samanta Hilbert)
 
 
 
ZONA DE CONFORTO

um corpo em perfeita saúde vaga
por calmas e mornas águas, à deriva.
sem a pretensão de ter ido a todos os cantos,
mas satisfeito por ter ido a todos os cantos que pôde ou quis.
satisfeito. sem quase nenhuma vontade que reste.

vigia os perigos, protege os incautos, toma cuidado consigo e com tudo.
e contudo, vaga à deriva.
já foi ao fundo. mas esse não é o seu lugar.
definitivamente, não.
pois é corpo que, são, emerge da profundidade, procurando a luz, o calor ou uma teta.

bóia na superfície, quer no máximo o toque subcutâneo.
chora a dor do parto, tem saudade do passado,
mas não se nega ao que é novo, não.
até porque nada é muito novo quando já se viu de tudo.
ou quase tudo.

conhece os perigos.
sabe que é preciso ter coragem para dizer:
quero um conforto acima dos confortos humanos.
porque os humanos disso precisam. e isso merecem.
eu nem mereço, mas também não quero.

eu te entendo. te aceito. te admiro. te amo.
do meu jeito, se se pode esse amor aceitar e assim nomear.
somos mundos muito completos, muito complexos, e nossos caminhos são bem determinados.
nossa conjunção é temática e pontual, definida pela gravidade, espaço-tempo ou sei lá o quê.
einstein explica. se não freud!

tudo tem seu tempo. esse é o meu. não é o seu?
ou é o nosso tempo em dimensões distintas?
vou contando as horas apenas para ver o desgaste desse velho rabugento.
até que as leis de saturno decidam a nossa próxima sincronização.
até que o conforto se torne zona vou à deriva, aproveitando o que posso.

(por Paulo Nunes)
 
 
 
 
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