quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Comportamentos abusivos

Eu tenho mania de cavucar as coisas. Essa é uma daquelas coisas em mim que dá um trabalho danado, mas que eu não quero mudar  porque trazem muitos mais prós do que contras... E ok ter trabalho com coisas que me dão prazer, e com aquelas que me fazem crescer também.

Foi assim que fui parar essa semana na frente do ex namorado, com quem eu tenho um relacionamento cordial, conversando sobre o que deu errado entre nós...
Eu me apaixonei muito muito mesmo nessa relação, daquelas paixões de sentir até os dentes dormentes, sabe? Creio até que paixão desse jeito só senti uma única outra vez nessa vida.
E andava me questionando se eu não era uma pessoa pobremente volúvel, já que em um determinado momento, um 'botão' virou e eu desapaixonei em um click

Mas ao fim me descobri não tão volúvel assim, porque estando com ele, ainda senti carinho, ainda consigo ver suas coisas boas, mas ficou claro que abri mão do relacionamento (e do sentimento de paixão) simplesmente porque tinha se tornado um relacionamento abusivo.

Abuso é uma palavra forte, né? Mas pensando sobre isso, comportamentos abusivos são bem comuns. Aconteceu comigo, e imersa na relação como estava, nem me dei conta!

Você já teve um relacionamento abusivo? estava muito apaixonado(a)? Pois é... a paixão segura muita coisa que de outro modo já teríamos mandado catar coquinho no mato por muito menos.

Eu escutei por exemplo, contando empolgada sobre meus planos futuros de trabalho: 'Nossa agora fiquei triste... Assim você vai crescer e ficar ainda mais longe de mim'. Ou seja, 'você não tem direito de crescer mais do que eu, porque vai me deixar triste'. Comportamento abusivo? É, é sim.

Se ele quer forçar qualquer tipo de comportamento, é abuso. Se eu quero forçar qualquer tipo de comportamento é abuso tanto quanto.

Vontade de domínio sobre o outro não precisa ser em grande escala para ser abominável. Querer que seu namorado(a) não fale com determinada pessoa, ou que seu amigo(a) sinta tanta falta de você quanto você dele. Chantagens emocionais de qualquer tipo. Ciumes exagerados, onde você cria historinhas e trata o outro como se elas fossem reais. Chocar, machucar emocionalmente o parceiro(a) deliberadamente, porque está com raiva. Sexo consentido, mas onde você não dá a mínima para o tempo ou necessidades do outro, e ainda vira a história com um 'ué, mas você devia ter falado então'. Tudo isso é abuso... Todos esses abusos são tolerados com uma frequência muito maior do que seria saudável, PORQUE NÃO ESTAMOS PRESTANDO ATENÇÃO!

Qualquer coisa que se baseie no 'Eu quero ter PODER sobre você, quero que você entenda como errado também qualquer coisa que eu acredite ser um erro, e certo o que eu acredito como certo, quero que você faça o que eu digo que é legal', é abuso.

Você se identificou com alguma das situações? esse texto fez você lembrar de algumas outras situações?

Estava aqui pensando.... Enquanto a vontade de dominar outra pessoa existir em nós, como é que a gente quer acabar com as guerras? O abusador não e alguém necessariamente mau, é só alguém que está no automático, e quer estar certo.
Se existe uma guerra de poder dentro dos nossos relacionamentos mais íntimos, como não reproduzir isso fora de nós também?

Qual o papel que você (e eu também) desempenha mais, o de abusado ou o de abusador? Você é controlador(a), ou vítima/distante?
Sim, se inconscientes, somos todos sapos...

Qual é o caminho para a solução?
Descobrir, conscientizar, desmontar o ciclo.
Amar. Ao outro e a si mesmo(a).
Boa sorte para nós.





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