quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Traição: verdade ou ficção?

Resolvi sentar esses dias e pensar profundamente sobre esse tema...

Pra começar, esse é um termo usado tanto para infidelidade quanto para deslealdade, certo? (E qual dos dois você pensou primeiro?)

Eu achava que eu era uma mulher segura, resolvida, que não prestava muita atenção nesses atos, que não me afetava... Costumava pensar que se a pessoa trai, é muito mais um problema dela do que meu. E que ficar obcecado com traição e se roer de ciumes era perda de tempo.

Continuo não me vendo como uma mulher insegura, possessiva e ciumenta. Gosto de atenção e carinho, mas não preciso ser o centro da vida de quem está comigo. Não preciso ter 100% da respiração dele, do interesse dele... Até porque não tenho 100% de atenção para dar... Na minha vida multi, cheia de filhos, trabalho, amigos, cursos, aulas e interesses inclusive sobra pouco tempo e geralmente são eles que reclamam da minha pouca disponibilidade...

Portanto o cerne daquele pensamento persiste... Ainda acredito que quem trai está dizendo muito mais sobre si mesmo do que necessariamente sobre o relacionamento, ou sobre a outra pessoa. Não se trai porque o outro está chato, ou embarangou, ou se distanciou... Essas são explicações e justificativas, mas o motivo real, na minha opinião está dentro do (vou usar essa palavra terrível) traidor.

Mas por mais que tudo isso esteja claro pra mim, e eu seja relativamente calma sobre o assunto, quando chega a hora de vivenciar isso novamente, me dói...
É... e descubro que tenho mesmo e surpreendentemente essa dor dentro de mim... Cara, não é possível, isso deve ser atávico!! (risos)

Eu já fui traida (de infidelidade) algumas vezes na minha vida, dentro de namoros estabelecidos como (teoricamente) monogâmicos. Da forma que eu compreendo, não me senti menos amada por isso. Mas me senti abusada. É isso... traição para mim traduz amor abusivo... Nós tínhamos um trato e ele foi descumprido (e aí entra deslealdade...).

Abuso é um termo forte, né? E também é mais amplo...  dá tema para outro texto inteirinho...

Sem falar que nesses tempos de internet, ainda tem um plus...O daquelas pessoas que fazem terrorismo com a traição... escrevem recados horrorosos acusando sem provas, colocando toda a acidez da qual se sentem justificadas por não serem escolhidas e se sentirem mal amadas...
Inclusive me lembro de um passado não tão distante assim, em que tive um relacionamento enrolado, onde ele não queria se comprometer comigo e eu estava completamente apaixonada.... Dessas paixões 'ruim com ele, pior sem ele', que eu espero nuncaaaa mais sentir na vida...
Pois ele começou a namorar outra menina, e continuou a sair comigo... quando descobri, mandei um desses torpedos terríveis (me envergonho disso) e me arrependi quase antes da mensagem chegar no destinatário...
É... podemos ser cruéis quando estamos descontrolados... E sentir-se não amado pode descontrolar qualquer um...

Mas, tudo isso fala muito mais de posse e apego do que de amor... E relacionamentos deveriam falar de amor, não? Se conseguíssemos sair do medo de perder e do achismo que o outro nos pertence (e realmente não pertence!) será que a traição seria tão ruim assim? Nesse caso, traição pode não ter peso nenhum... Todos esses significados e resignificados, podem evaporar, sumir, implodirem de pura falta de alimento...

Pra mim, não é a traição em si que atrapalha...o que realmente pesa é a falta de profundidade que vem junto com ela...As mentiras que geram conversas cada vez mais rasas, cheias de vazios do que não se pode falar... Fica-se tão ocupado com a variedade que nem se dá conta do quanto sobrou pouco para o relacionamento. É isso, fica-se dividido. E o relacionamento íntegro, que é o que eu mais gosto nesses convívios, vai pelo ralo... Fica cheio de buracos... De falta de clareza...

Esses buracos ocupam um espaço imenso. Essa não é minha escolha.

E assim, volto aos textos.... meio zonza de reflexões, mas inteira (ou íntegra, hehe)

Samanta




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