terça-feira, 1 de abril de 2014

Filosofia da paixão... conceitos.

Texto by Samanta Hilbert e Elias Soares




- Que o amor (ou paixão, ainda não diferenciei o conceito, aliás admiro quem o tenha feito) quando chega balança as estruturas rompendo tudo que achávamos estável, não tenho dúvidas!

-hummm... eu tenho essas dúvidas! Amor não era pra chegar devagar e ir trazendo mudanças aos pouquinhos? Não era mais pra solidificar do que destruir?

-Pode até ser... Mas o meu conceito de amor ou paixão - olhando pro passado - se baseia no desfecho: houve compreensão, diálogo, respeito pelo tempo vivido, pela comunhão? Se não, há uma grande chance de ter sido apenas entusiasmo, muito confundido com amor e paixão.

-Então você pensa que o amor só poderia ser reconhecido retroativamente... concorda com Roberto Freire, que diz que "Do amor só se pode fazer a necrópsia jamais a biópsia"...

-Mas a questão pra mim é justamente... amor, paixão, entusiasmo...e até só encantamento, importa mesmo definir?

-A definição fica justamente no que restou; na sensação que deixou: se o sentimento ainda reside num suspiro, numa brisa... Se nossa alma acorda gritando de madrugada cada vez que sonhamos com aquela pessoa deixando a terrível e saudosista sensação de que era ela com que gostaríamos de passar o resto de nossa vida, pode ser amor! Não acredito que o entusiasmo ou a paixão tenham esse poder.

-Pode ser amor mesmo quando não deixa a sensação de que gostaríamos de passar o resto da vida com a pessoa... Não acredito em um único amor na vida... Pra mim a vida é feita de uma colcha de retalhos de amores... Cada amor faz a gente crescer um pouco... E, se crescemos para a mesma direção, continuamos com a mesma pessoa... se crescemos para direções diferentes, então, mesmo que ainda haja amor, segue-se nesse caminho que acaba afastando... Não quer dizer que não foi amor, quer simplesmente dizer que já aprendemos o que tínhamos que aprender com aquele pessoa... (minha opinião).

-Hoje mesmo estava conversando com senhor que está há 36 anos casado. Dizia que na época dele se casavam por honra, o amor vinha depois, se não vinha, se apegavam mediante o companheirismo. Até porque uma separação naquele tempo significava desonra e a mulher tinha um peso infinitamente maior.
-Bom, pra ser honesta, pode ser que eu pense assim porque nessa altura da vida já não dá mais pra eu ter um só amor (risos). Mas se eu pudesse voltar atrás e escolher novamente, creio que escolheria a colcha de retalhos novamente. De preferência com um retalhão maior (bem grande) no final.

-Hoje usamos (inclusive aprisionamos) a energia do amor em diferentes relacionamentos. Não sei qual atitude é menos destruidora!

-Pra mim amor é um sentimento grande demais pra ser canalizado para um só ser, em toda a vida... Não que eu queira relacionamentos superficiais, ou promíscuos, muito pelo contrário... Mas quero relações de união, e não de fusão... O peso que canalizar toda nossa expectativa de amor, afeto, carinho em um só ser, é simplesmente grande demais...

-Pode dizer que sou carente, se você quiser... Mas o tanto de amor que eu tenho pra dar, não creio que uma só pessoa consiga receber... E ao mesmo tempo, gosto da liberdade de ser eu mesma... Sendo que o primeiro amor da minha vida não vai receber mais do que o último... Amor é uma coisa que não se gasta... pelo contrário, só aumenta a medida que vamos agregando mais elementos ao nosso universo individual... Talvez, para que eu consiga um amor mais duradouro, eu procure uma pessoa que seja capaz e disposto a crescer no amor comigo...
 
-Você gostaria de ter tido (ou ainda ter, caso olhe para o passado e não veja nenhum amor nele) um só amor na vida? 'O' amor?

-Olho para trás e não vi alguém disposto a crescer junto no amor. Alguém com mente e coração abertos a fim de dividir sonhos, mistérios, alegrias e frustrações. Alguém para atravessar as estações do ano. Rir com a idade avançada e do corpo despedaçando... (Essa última frase me recordo do filme Amor Além Da Vida, dita por Robin Williams.)

-... e está a procura disso?

-Não estou à procura, pois expectativas geram frustrações. Deixo que as coisas aconteçam naturalmente, apesar de acreditar que, como diria Paulo Coelho, quando partimos em busca do amor, ele também parte ao nosso encontro. E nos salva...



P.S. - Já disse alguma vez que adoro ter amigos filosofentos? :)



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