segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Resiliência


Vou contar um segredo. Não é um segredo muito bonito, está mais para aqueles segredos sombras, que a gente muitas vezes prefere ignorar, colocar para baixo do tapete ou sentar em cima. Mas faz muito tempo já que aprendi que são exatamente esses que não devemos deixar de expôr. Esses, se os guardamos em sigilo, vão pesando na alma e nos deixando tristes e engessadas.... se os escancaramos, eles dão vergonha, até geram julgamentos algumas vezes, mas vão se desgastando com o tempo, e virando pó de aprendizado. Eu gosto assim.

Alguns acontecimentos sequenciais nos últimos meses, me fizeram perder grandes bolos de fé.
Ontem foi um dia pesado energeticamente, com sensação de esmagamento e desgaste, e estou falando de uma forma geral, pois sei que amigas mais sensíveis também estavam assim.... Então eu, que normalmente sou uma otimista incurável, deixei a decepção e o olhar duro para as coisas, que me rondou nos últimos tempos em forma de acontecimentos pontuais mas constantes, chegar. Doses de realismo fazem parte, mas eu via de regra olho pro copo meio cheio. Dessa vez estou olhando pro vazio mesmo.
E me dei conta, que depois dos últimos meses, uma crença da minha família foi reforçada em mim.

"Nem tudo que reluz é ouro".
"Quando uma coisa parece boa demais pra ser verdade, geralmente ela não é verdade mesmo".

E não importa o quanto a gente seja madura e saiba das coisas da vida, quando situações lindas viram lixo, quando coisas que acreditei que eram verdade se mostram poeira, a fé vai embora. Sobra osso batendo com osso, e uma vontade imensa de desistir.
Relacionamentos são atos de fé. São encantamento + disponibilidade + trabalho muito duro. E fé.
Fé na humanidade, fé no amor, fé que o comprometimento vale a pena. Fé na capacidade de transformação. Ontem, perdi minha fé, nos outros e em mim mesma. E esse é meu segredo. Ontem deixei que os últimos meses me esmagassem.

E quando o dia foi acabando, um ex namorado que sempre parece perceber quando alguma coisa não vai bem comigo, apareceu aqui em casa. Veio tomar um café, contar as últimas novidades e (embora não propositalmente) me lembrar que a vida é dinâmica, as situações passam e, se a gente assim quiser e deixar, no fim do caminho só sobra o essencial das relações.
Se não sobrou nada é porque não havia nada de essencial ali, mas quando o tempo passa e arrasta ego e vaidades machucadas, sobra o que É. E os significados sempre são interpretações nossas.

Acho que esse é o significado de ser resiliente (e eu sou). Acreditar, no fim de tudo, que nada termina enquanto não termina bem. Se não está bem é porque ainda não terminou.







.



Nenhum comentário:

Postar um comentário