sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Um da Marla de Queiroz....lindo!



Investir no sossego do próprio coração é algo tão complexo por causa da sua simplicidade.
Porque ser simples é uma das coisas que mais dificulta a nossa vida.
Investir no sossego do próprio coração é não abrir uma brecha, que poderá virar uma represa,
para alguém que não está disponível afetivamente.
É prestar atenção nos sinais e indícios que a pessoa dá, logo nos primeiros encontros,
do tamanho do sofrimento ou da alegria que ela poderá lhe proporcionar.
É saber-se só em quaisquer situações, mesmo acompanhado,
pois as consequências de nossas escolhas são absolutamente nossas.
Investir no sossego do nosso próprio coração é saber que aquilo que está doendo deverá ser extirpado e
não manter apego ao sofrimento, por mais que o uso do bisturi cause quase a mesma dor.
É proporcionar-se bons momentos divorciando-se de tantos lamentos.
É não adiar sofrimento postergando decisões tão necessárias.
É não se acomodar com a falta de excitação pelas coisas, pessoas, trabalho.
É saber-se merecedor de experienciar um amor inteiro, intenso, extenso, imenso, verdadeiro... Recíproco!
É aumentar, um pouquinho a cada dia, o seu tamanho.
É ter a certeza e a confiança de que as coisas têm um encaixe, mas que é preciso deixar ir,
ou ir ao encontro, ou conformar-se com o desencontro, ou esquecer, ou lembrar-se de outras coisas,
ou relacionar-se de outra forma.
Investe no sossego do próprio coração quem não rumina o que machuca,
quem não fica descascando a ferida impedindo que a mesma cicatrize,
quem não se disponibiliza de maneira subserviente e em tempo integral ao ponto de ser desvalorizado ou descartável,
quem não aceita menos do que merece: coisas pela metade.
Investe no sossego do próprio coração quem sofre, grita, chora, mas cresce!
Quem não se repete, quem se surpreende consigo mesmo, quem trabalha o desapego,
quem se abre para as coisas que possuem mais calor e sensibilidade.
Investir no sossego do próprio coração é coisa que não vem com a idade,
mas com a ideia de que se pode vivenciar um momento de paz e repouso,
é desocupar o peito para abrir espaço para o novo,
é entregar-se ao desconhecido com inocência e totalidade,
é não ter medo de pronunciar verdades, é ser honesto consigo, com o outro.
Investe no sossego do próprio coração quem não se contenta com pouco.


Marla de Queiroz

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