sábado, 19 de janeiro de 2013

Amar também é...





Passei os últimos dias chorando. E chorei muito. A vantagem de chorar muito é que vai limpando, lavando e levando tudo que é meio obscuro, e no fim fica só o que vale mesmo. Não sei porque você agiu como agiu, e pra te falar a verdade acho que nem quero saber. Acho que nós dois simplesmente descompensamos, cada um a seu modo. Passamos do ponto, não foi? Eu passei.
E agora que as lágrimas levaram a raiva, a intensidade, a confusão, o turbilhão, o desequilíbrio, quero  contar as coisas que eu amei em você. As de verdade. As que me fazem sorrir quando lembro agora. Não quero que as últimas palavras entre nós sejam as palavras de raiva que trocamos. Ódio e amor são irmãos, dois lados da mesma coisa...Já vomitei meu ódio em você (e não me orgulho disso). É justo dizer o outro lado da moeda também...
Não amei você pela sua habilidade retórica...Pelo contrário, comecei a amar quando percebi o quanto você se protege e esconde atrás dela... Isso torma você humano, e eu definitivamente gosto dos humanos...
 
Mas também amei você nas vezes que você cantarolou pedaços de músicas pra me falar o que você sentia... Uma delícia se sentir assim serenatada
...
Amei você sendo gentil  quando eu contei coisas difíceis de falar... Obrigada por só me escutar e acolher naquele dia...foi importante...
 
Amei o seu sorriso feliz reencontrando um amigo de longa data e que você não via a tempos. Você estava lindo. Amei sua emoção transparecendo na voz, amei seu olhar, sua empolgação...
 
Amei você todas aquelas vezes que até seria melhor ter ficado calado, mas as palavras escapuliram boca afora... teimaram em  correr soltas...aquelas palavras suas mesmo, sem citar autor ou livro...
 
Amei você  quando me chamou de rocha. Sua intensão era me xingar, mas chegou bem perto da verdade... Pra mim isso é elogio...
 
Amei você quando disse que ia se afundar no pudim porque estava me sentindo escorregar por entre seus dedos... Acho que essa imagem me fez ficar grudada neles e parar de escorregar...(risos)...ao menos por um tempo...
 
Amei a forma tão óbvia que você tentou me manipular e me deixar culpada quando ficou com raiva de mim. Tão claro, tão evidente...tão bobo... Tão fácil de entender que você estava machucado...

Amei a sua voz dura nesse dia também, quando você deixou a raiva vir de verdade, depois da tentativa de manipulação. Machucou, mas entendi. Sou igual.
 
Aliás, amei sua voz linda, falando ela qualquer que fosse a história...
 
Amei você pelas vezes que foi centrado, como quando eu perguntei se você estava apaixonado e você respondeu "é uma palavra forte, né...ainda não, mas tá começando". Consegui acreditar de verdade nisso...
Amei você quando uma vez ficamos pendurados ao telefone com saudade, e ao desligar, você disse que me adorava, e eu respondi "tá, beijos". Você soltou "Porra, diz que me ama, coisa chata". Não disse naquela hora... Estou dizendo agora. Sinta-se amado.
 
Amei você nas vezes que a minha geografia ou história ou literatura foram falhas (e são muitas vezes), e adotando uma postura professoral, ficou a me explicar... As vezes até já sabia, mas deixava você falar só pra ter o prazer de escutar você "me ensinando"...rs
 
Amei todas as vezes que você não caiu nos meus dramas. E que foi firme, mas acolhedor e às vezes um cadimm zoador... A melhor dessas, foi quando disse que eu estava complicando o que era simples só pra assustar você... Bingo, na mosca! rs
 
Amei você quando sua asma se manifestou nos momentos que estava angustiado, ou agoniado com algo... Sua respiração muda muito de acordo com seu estado de espírito...mesmo quando você não me conta o que vai mal...
 
Amei os seus 6 tipos de "hummss"... (contei eles de memória agora... são 6)...
 
Amei você quando também fez drama e eu pude por minha vez não cair nele...
 
Amei os seus ruidos e gemidos entregues quando estávamos naqueles momentos mais quentes...
 
Amei seu jeito  diferente, meio orgulhoso quando você tocou um pouquinho de guitarra, de brincadeira, só pra me mostrar...
 
Amei você quando retornou todas as minhas ligações logo na sequência que eu ligava (menos nos últimos dias, óbvio). Amei sua disponibilidade pra mim.
 
Amei, apesar de não gostar, quando você praticamente arrancou da minha boca um "te amo". Naquele momento minhas barreiras de proteção cairam. Não tenho mais como recolocá-las. Amei você de fato naquele instante.
 
São todas pequenas coisas... Mas tudo que é grande é feito de pequenas partes...Esse foi o homem que eu amei. Foram muitos os instantes que me senti ligada a você... Ligada de verdade. Se esse que eu amei, se as coisas todas que descrevi existem de fato, você é que pode dizer... De qualquer forma, foi como eu enxerguei você...
Com tudo isso, e indo pro concreto, pra minha rocha, que é onde eu me organizo, quero agradecer por me fazer perceber o quanto meu coração (e minha vida) estava enrigecido. Tem uma frase do Osho  que diz "Cada relacionamento é um espelho, ele revela sua identidade a você" ... Você me fez questionar muitas e muitas coisas.... muitas e muitas atitudes minhas.
Descobri que tenho medo de ser feliz. Foi tanta batalha que travei, tanta situação difícil a superar que me tornei mais guerreira e menos amante. Mas isso vai mudar. Já estava começando a mudar, e acho que foi por essa mudança começada que prestei mais atenção em você dessa vez...
Mas não dei conta... Eu precisava de tempo pra ir metabolizando tudo, de tempos de calmaria no meio das intensidades e esse tempo não existiu... A coisa toda foi muito atropelante! Entrei na ansiedade e desconfiança... Devo desculpas a você e a mim mesma por isso.
No fundo, você tinha toda razão... as coisas tem que ser feitas direito.
É isso. Quando passou a turbulência, foi isso que ficou. Falei de mim porque é do que posso falar... Espero que quando você estiver precisando se sentir amado, lembre mais dessas coisas melhores do que das outras piores... Queria me despedir direito.
 
 
 
 
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